sábado, 21 de agosto de 2010

Génoi Hoios Essí : Torna - te Aquilo que tu és

E nesse ponto abrasou-me de repente como aguda chama a revelação definitiva: todo homem tinha uma 'missão', mas ninguém podia escolher a sua, delimitá-la ou administrá-la a seu prazer. Era errôneo querer novos deuses, era completamente errôneo querer dar algo ao mundo. Para o homem consciente só havia um dever: procurar-se a si mesmo, afirmar-se em si mesmo e seguir sempre adiante o seu próprio caminho, sem se preocupar com o fim a que possa conduzi-lo.
Demian - Hermann Hesse


E a vida continua em um ciclo, de esperanças e verdades meio ditas; de expectativas mudanças. Então descobre-se que tempo gasto preocupando-se demais poderia ser tão bem aproveitado. Que o horizonte ficava do outro lado.Quando o tempo é um carrasco que insiste em prolongar a distância entre o desejado, surpreende-se ao que busca a si mesmo que  nos momentos exatos, não tardio, alcança-se aquilo pelo qual a  vida caminhou em direção.

Adia-se sofrimentos, desfruta-se mais da ilusão, acomoda-se com o comum ou arrisca-se a assumir o próprio destino. Mas não existe um manual contendo tudo que poderá  vir.

Assumo ele, seus prazeres e desgostos, vitórias e fracassos, surpresas, encontros, desencontros, desinteresse e paixões. Riscos. Não há melhor caminho que o próprio, não há como ler as últimas páginas do livro, afinal perderia toda a graça. Aventure-se em conhecer a si mesmo, para depois conhecer os outros. E nessa descoberta vale errar e recomeçar. Sem roteiros.


"Tal descoberta comoveu-me profundamente e foi para mim como o fruto daquela vivência. Muitas vezes havia brincado com imagens do futuro e havia entressonhado os destinos que me estavam reservados, como poeta talvez ou talvez como profeta, como pintor, ou que modo fôsse. E tudo isso era um equívoco. Eu não existia para fazer versos, para rezar ou para pintar. Nem eu nem nenhum homem existíamos para isso. Tudo era secundário. O verdadeiro ofício de cada um era apenas chegar a si mesmo. Depois, podia acabar poeta ou louco, profeta ou criminoso. Isso já não era coisa sua, e além de tudo, em última instância, carecia de todo alcance. Sua missão era encontrar seu próprio destino, e não qualquer um, e vivê-lo inteiramente até o fim". Demian - Hermann Hesse



Génoi Hoios Essí é uma expressão do Filósofo Grego Píndaro, que significa Torna-te Aquilo que Tu és;  Esta máxima foi utilizada pelo meu grande Nietzsche desde os seus primeiros escritos até a sua última obra Ecce Homo - Como Alguém se torna o que é.

Compartilhei com vocês estes trechos da minha paixão Hesse. Demian sem dúvida é um dos melhores livros que já li, e olha que já li um "bocado" ... ;-)

Abraços caríssimos, até a próxima.

Ouvindo Oasis.

Made
Salvador Dali

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Nunca fui Primeira - Dama



"Pertenço a uma zona de intimidade que me faz humana, não divina. Sou uma artista, não uma heroína contemporânea, odeio essa desproporção, não quero que esperem que eu seja o que não sou. Não devo mais aos mártires do que ao meu pais., à minha resistência, a minha própria história pessoal, ancorada aqui em minha simples vida cubana".


Wendy Guerra, que está presente no Brasil na imperdível ( eu perdi.rs) Flip - Feira Literária Internacional de Paraty, apresentando sua obra "Nunca fui primeira - dama", frente ao regime de governo cubano.

Só o tema já é instigante.A neta da revolução Wendy Guerra trama um enredo fascinante, recheado de fatos reais, ficção, prosa - poética, melodia que a tornam uma escritora única.

Foi um convite a minha leitura, não poderia deixar de recomendar.

Links :Resenha do Livro
          Trecho


Beijos caríssimos (as)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Do que ela precisa?

                                                                                             Salvador Dali

 

 (...)

 

Um ímpeto tomou conta dela, algo que ela não podia mais controlar. Em seu corpo transbordava algo novo, e sua mente ia além do que se podia ver. Intangível, claro, ela não era mais a mesma. Tornou-se deusa.

 

De que adiantavam todos os valores, padrões e morais, que outrora a dirigiam. Ela se liberta. A grande libertação de si mesma. Em sua solidão, em meio à névoa, ele tem um encontro consigo. Que encontro triunfal. Sua alma vibra, seu espírito tornar-se livre. De quantas coisas tivera que passar para encontrar sua própria essência. Todas as coisas a tornaram cada vez mais próxima do seu destino. Como a dor de um parto, chega o êxtase da luz. Eis que ela vibra com sua graciosidade e controle. Tem todas as coisas, sempre as teve, porém agora as domina.

 

Chamam-na de deusa. Ela sorri, pois sabe da grandiosidade de seu poder. Quem é possível de dominá-la agora, ela tem o mundo e o mundo a tem. Seu poder é manifesto em sua liberdade. Há encanto em sua dança, gosto em suas palavras, cheiro em sua pele, saber em seus pensamentos, é fascinante o seu espírito.

 

Que dirá de si mesma? - Sou uma deusa, basta 


É um prazer retornar,

Made

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Jogando fora as pedras guardadas


Aprendendo com "o Príncipe"
Esses pensamentos me perseguiram, precisavam estar aqui.






"Chegamos assim à questão de saber se é melhor ser amado do que temido.
(...) Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se ama do que ao que teme, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha".
Nicolau Maquiavel, O Príncipe. p.102





Depois de tantos séculos, não decepcione, ser humano. Que possamos ser diferentes! Já parou para pensar como temos muito mais cuidado e respeito em falar àquelas pessoas que parecem ser "importantes demais", dependemos delas para algo, e engolimos até "sapos" para segurar a língua; e aquele(a) a quem há amor, por algum defeito/momento não nos agrada, deixamos-nos ser envolvidos por qualquer sentimento ruim e falamos o que vier a cabeça, magoando o outro mas sabendo que do outro lado, bem...há alguém que ama, considera, acredita, perdoa.





Veio na memória:


"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo".
Fernando Pessoa


 Que possamos mesmo ser diferentes, a mudança que esperamos no outro, no mundo, começa primeiro na gente. Antes de tudo que possamos nos preocupar mais em construir nosso presente, do que ficar carregando milhares de pedras passadas no caminho, pois no final ( que me perdoe as interpretações do meu amado Pessoa) não terá como construir um castelo, pois o seu caminhar estará tão pesado carregando pedras que deixará de viver. Sim, é válido o aprendizado que conquistamos ao depararmos com essas pedras, mas guardá-las, carregando o seu peso? Não há mais serventia alguma! Não vê, a bagagem pode ser mais leve. Há formas muito mais saborosas de construir o bendito castelo!

Com as perdas só há um jeito: perdê-las.Com os ganhos, o proveito é saborear cada um como uma fruta boa da estação.
Lya Luft



Agradeço com carinho aos meus leitores expressivos, anônimos, tímidos e escancarados..rrsrs Do blog, orkut e email. Obrigada pelas contribuições, vou ainda postar sobre elas.

Desculpem a demora, ano de formatura, monografia, mas amo demais escrever e ainda por cima ser agraciada com sua leitura.
Made
literaturaalema@gmail.com

domingo, 31 de maio de 2009

Que estranha cena descreves e que estranhos prisioneiros, são iguais a nós.




Nós , homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos.


Friedrich Nietzsche




E sobre essa complexidade, esse caldeirão de ações, pensamentos, transformações à luz da antropologia, filosofia, psicologia e outras ciências humanas, que entraremos nesse campo tao articulado, como engrenagens de um grande motor. Nós somos criaturas com capacidades fantásticas. E não vou me atentar aqui as boas ou más, mas a diversidade de ações, sentimentos que a espécie humana é capaz de manifestar. Todas em conjunto são co-dependentes, elas não funcionam em equilibrio quando acentuadas sozinhas.




Já pensou num mundo só de gente feliz, humilde e sorridente e que parassem pra você poder passar quando está com pressa, cedesse o lugar na fila do banco, nunca reclamassem, sempre satisfeitos e você pudesse ser livre para fazer o que quiser? E ao acordar ainda recebesse um café da manhã daquele jeitinho que você  gosta? 


O ser humano ia detestar, sim acredite, ia cair num tédio profundo. Do mesmo jeito que viver num mundo só de caos, confusão e gente mesquinha é péssimo. Muito menos num ambiente só repressor. Agir de modo extremo vai causar sempre o desequilibrio. Muito do processo evolutivo humano é retardado individual e coletivamente pelo descontrole de suas proprias ações, falando mais sério ainda: pelo desconhecimento da sua natureza. As pessoas não são só boas, e nem são só más. Tudo é uma questão de controle. A partir do momento que o ser entende do que ele é composto e do que constitui sua personalidade ele passa a entende-la e progressivamente domina-la.


Por muito tempo e até hoje o egoísmo de considerar uma verdade como absoluta gerou imposições dogmáticas, alienação moral, guerras, bem como a fé de muitas pessoas foram investidas em de modo potencial e a história mostra séculos de repressão moral e alienação.A violência também é resultado desse desequilibrio, claro. Tanto no ódio exagerado, na raiva que ensoberbece, na ganância de poder; quanto no amor exarcebado, a obssessão, medo. 


Quando não controlado, qualquer que seja o sentimento ou ação passar a dominar o seu autor. E quando acontecer ele não vai perceber e vai agir com o que chamamos de instinto, vai ser aquilo que estiver controlando-o, e não sua natureza.


Mudar o mundo..., a busca é interna! O processo evolutivo do ser humano é desevolvido de dentro pra fora. É conhecer a si mesmo, entender como são processadas as informações dentro de si. É certo que quanto mais acentuado for esse conhecimento, melhor serão as respostas manifestadas as pessoas, situações , mudanças, adversidades, novidades e surpresas.


Fomos criados para este equilibrio, e nos desviamos dele constantemente. A busca interna não é agradável de todo. Por muitas vezes não será agradável a imagem que vamos ver. Aquilo que mais detestamos no outro em algum momento vamos descobrir ali escondido atrás de algum vaidade que acabamos de conhecer. Mas vamos desvendar muitas coisas e o que antes controlava-nos, será controlado. O autor passa a escrever sua história e não a assisti-la somente.





O que te controla hoje?




Sugestão de leitura:
Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago


É um prazer, abraços


Made